terça-feira, 23 de agosto de 2016

Mais links e citações de artigos científicos apontando para as bases biológicas da transexualidade.

Numa pequisa que fiz hoje cedo para refutar uma postagem trans/homofóbica num site fundamentalista evangélico, que argumentava, com um artigo de um epidemiologista e um psiquiatra, a transexualidade não ter bases biológicas, postei alguns links - fazendo, também, alguns comentários - que considero essenciais para pais de crianças e adolescentes transexuais.

A postagem deles:
"Não há evidência científica de que uma pessoa nasça gay ou transgênero -
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins avaliaram vários estudos sobre o tema"

Alguns trechos de minha resposta ao site: (ATÉ O MOMENTO, 00:46 MINUTOS, já quarta-feira, 24 de agosto, ainda não vi minha resposta aceita pelo moderador do site):

 "...Dr. Lawrence S. Mayer, por exemplo, é um epidemiologista treinado em psiquiatria e o  Dr. Paul R. McHugh,  é um psiquiatra americano e, por mais renomado que seja, não é, ao menos nas credenciais a ele atribuídas no artigo, nem mesmo geneticista, endocrinologista ou neurologista!"


"... E, MUITO MAIS SIGNIFICATIVO E RELEVANTE AINDA NESTE CASO, as conclusões tiradas por este epidemiologista e por este psiquiatra no artigo citado NÃO podem ser tomadas como provas científicas irrefutáveis, já que outros estudos de CIENTISTAS DE ÁREAS VERDADEIRAMENTE CAPACITADAS SOBRE O FENÔMENO AS CONTRADIZEM totalmente!"

"O que vocês poderiam alegar seria que outros estudos das MESMAS ÁREAS que mencionei podem se chocar com os que aqui citarei mais adiante mas, MESMO QUE O FAÇAM, aí ainda será uma questão de oposição entre vertentes científicas divergentes e nunca uma afirmação de verdade científica inquestionável e peremptória!"

"Sendo assim, a bem de todas as crianças e adolescentes - e jovens adultos - trans, como educador, alerto aos pais de transexuais aqui, com as várias objeções aos argumentos citados, para que não digam que não foram disto avisados. Espero, se possível, com isso, evitar tragédias nas vidas daqueles que eles devem sim amar seus filhos trans ACEITANDO-OS em sua natural condição e não tentando forçá-los a algo que violente sua estrutura cerebral:"

(Seguem-se os links com as citações de alguns trechos especialmente esclarecedores de cada artigo, com alguns comentários meus sobre os argumentos do tal site na postagem que fizeram no link

'A afirmação feita por este epidemiologista e este psiquiatra de que  "...the higher rates of mental health problems among LGBT populations, and it questions the scientific basis of trends in the treatment of children who do not identify with their biological sex." confunde a transexualidade em si com a orientação sexual, ao incluir toda a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays e Bissexuais) com o segmento Transsexual da comunidade LGBTI em si, mesclando condições totalmente independentes, já que um transexual pode ser hétero, bissexual ou homossexual.'

'Além disso, a taxa ainda mais alta de suicídios no segmento Trans da comunidade LGBTI especificamente é alcançada justamente pela profunda angústia que a condição lhes traz, desta incongruência entre o cérebro e o sexo biológico, somada às FORTES PRESSÕES SOCIAIS, QUE OS IMPEDEM, MUITAS VEZES, DE ESTUDAR E DE FAZER CARREIRAS INSERIDAS NA SOCIEDADE. E, mesmo quando o conseguem, tais pressões ainda são fortíssimas, pela rejeição social como um todo. Por isso há a necessidade do nome social com a identidade de gênero na documentação, para evitar-lhes constrangimentos totalmente desnecessários e desumanos, permitindo-lhes, assim, sua inserção como seres produtivos na sociedade! E a transição hormonal em si mesma é necessária para minimizar este profundo choque entre esta estruturação cerebral oposta à do sexo biológico, no que toca a identidade de gênero DADA por tais estruturas cerebrais. Além disso, alguns indivíduos afortunadamente conseguem tal alívio apenas com a transição hormonal (o que implica na devida documentação para poderem viver sua nova identidade de forma inserida na sociedade), sequer pretendendo realizar a famosa cirurgia de redesignação sexual (popularmente conhecida como 'mudança de sexo') - mesmo aqueles que o podem financeiramente, embora não todos - pelos riscos e agressões que esta implica ao organismo, etc.'

'Cabe também ressaltar que me refiro aqui apenas aos casos do que prefiro chamar de transexualidade propriamente dita, pois penso que estes não devem ser confundidos com casos semelhantes, PORÉM NÃO IDÊNTICOS, de androgenia cerebral, como o da celebridade de codinome 'Conchita', pois transexuais propriamente ditos sentem PROFUNDA aversão aos caracteres sexuais secundários do seu sexo biológico. Assim sendo, as mulheres trans propriamente ditas não usariam barba jamais, nem homens trans suportariam permanecer com seios, daí fazerem a cirurgia de remoção destes -  quando não puderam tomar a substância que posterga o aparecimento dos caracteres sexuais secundários antes e durante a puberdade, o que ainda ocorre na maioria dos casos, já que tais tratamentos só foram adotados em algumas cidades brasileiras há poucos anos. E este é justamente o motivo de ser adotado este tratamento (com a substância que posterga a manifestação destes caracteres), até que, aos DEZESSEIS ANOS, os, então já adolescentes, trans possam receber o tratamento da transição hormonal oposto ao de seu sexo biológico, COM O DEVIDO ACOMPANHAMENTO DOS PROFISSIONAIS CAPACITADOS. Pelo menos é assim que têm sido tratados crianças e adolescentes portadores da transexualidade propriamente dita nos países verdadeiramente desenvolvidos.'

'Seguem-se artigos com pesquisas de AUTORIDADES CIENTÍFICAS VERDADEIRAMENTE HABILITADAS NAS ÁREAS CONCERNENTES à condição da transexualidade:'

Artigo da Boston University Public Relations de 13 de fevereiro de 2015:
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Boston University (Boston University School of Medicine Researchers), numa resenha/artigo de revisão na 'Endocrine Practice' demonstram que há crescente evidência para a base biológica da transexualidade.
Os pesquisadores estudaram artigos científicos e a literatura (médica) sobre o assunto que mostraram evidência biológica positiva para a identidade de gênero, as quais incluíam, dentre outros fatores, genes associados com receptores dos hormônios sexuais, matéria cinza e branca cerebral, etc e concluíram que havia uma base etiológica biológica para a identidade transexual.
Segundo o Dr. Joshua Safer,
Um artigo bem mais resumido do site Science Daily para os que quiserem apenas uma visão introdutória:

Uma reportagem com vídeo incorporado de entrevistas, incluindo a do ENDOCRINOLOGISTA da Boston University, Dr. Joshua Safer mostrando que a transexualidade não pode ser manipulada, nem muito menos ensinada:

Pesquisadores NEUROCIENTISTAS, na Universidade de Viena, descobriram 'fortes diferenças' (strong differences) na microestrutura das conexões cerebrais de pessoas ditas cis (pessoas que se identificam normalmente com o sexo biológico) em relação à  de transexuais.

Trecho do artigo publicado no The Globe Mail sobre o assunto (ressaltei, por meio de maiúsculas, algumas palavras):

"...But now THERE´S MOUNTING EVIDENCE THAT GENDER IDENTITY IS ROOTED IN THE BRAIN. In January this year, neuroscience researchers at the University of Vienna in Austria discovered “strong differences” in the microstructure of brain connections of cisgender control subjects (men and women who identity with their biological sex) and transgender people. Using a specialized MRI technique that allows them to study brain wiring, they found “these differences in really almost all networks in the brain. It was quite a huge finding,” one of the researchers, Georg Kranz, says in a phone interview. On a spectrum of neurological characteristics, whose two polarities are defined by the cisgender female brain and the cisgender male brain, the characteristics of the brains of transgender people, on average, fell somewhere in the middle. .."  In 

.E trecho deste outro sobre como a terapia hormonal do sexo oposto afeta o cérebro de transexuais: " ...Lanzenberger explains. It was interesting that the scans also showed that, PRIOR TO HORMONAL TREATMENT, THE BRAIN STRUCTURE OF TRANSGENDER INDIVIDUALS EXHIBITED LEVELS FALLING IN THE MID-RANGE BETWEEN THE TWO SEXES. .. " In

"What’s in a Gender?
Studies of Brain Structure Find Evidence for Neurological Basis of Transgender Identity"
de Josh Gamble
Referências bibliográficas que Gamble cita para seu artigo:

"White matter microstructure in female to male transsexuals before cross-sex hormonal treatment. A diffusion tensor imaging study"

Abstract:
"Some gray and white matter regions of the brain are sexually dimorphic. The best MRI technique for identifying subtle differences in white matter is diffusion tensor imaging (DTI). The purpose of this paper is to investigate whether white matter patterns in female to male (FtM) transsexuals before commencing cross-sex hormone treatment are more similar to that of their biological sex or to that of their gender identity."
In

Resenha de Alison Jolly sobre a obra de Joan Roughgarden,
 "Evolution's Rainbow Diversity, Gender, and Sexuality in Nature and People"
Source Citation   (MLA 7th Edition)

Jolly, Alison. "The wide spectrum of sex and gender." Science 304.5673 (2004): 965+. General OneFile. Web. 23 Aug. 2016.
URL

Gale Document Number: GALE|A117524890


"Regional gray matter variation in male-to-female transsexualism
Neuroimage." 46.4 (July 15, 2009): p904. From Academic OneFile.

Abstract:

"Gender identity -- one's sense of being a man or a woman -- is a fundamental perception experienced by all individuals that extends beyond biological sex. Yet, what contributes to our sense of gender remains uncertain. Since individuals who identify as transsexual report strong feelings of being the opposite sex and a belief that their sexual characteristics do not reflect their true gender, they constitute an invaluable model to understand the biological underpinnings of gender identity. We analyzed MRI data of 24 male-to-female (MTF) transsexuals not yet treated with cross-sex hormones in order to determine whether gray matter volumes in MTF transsexuals more closely resemble people who share their biological sex (30 control men), or people who share their gender identity (30 control women). Results revealed that regional gray matter variation in MTF transsexuals is more similar to the pattern found in men than in women. However, MTF transsexuals show a significantly larger volume of regional gray matter in the right putamen compared to men. These findings provide new evidence that transsexualism is associated with distinct cerebral pattern, which supports the assumption that brain anatomy plays a role in gender identity."
In


"Effects of androgenization on the white matter microstructure of female-to-male transsexuals. A diffusion tensor imaging study"
Psychoneuroendocrinology. 37.8 (Aug. 2012): p1261. From Academic OneFile.

 In

"Male-to-Female Transsexuals Have Female Neuron Numbers in a Limbic Nucleus"
Frank P. M. Kruijver, Jiang-Ning Zhou, Chris W. Pool, Michel A. Hofman, Louis J. G. Gooren, and Dick F. Swaab
Abstract
"Transsexuals experience themselves as being of the opposite sex, despite having the biological characteristics of one sex. A crucial question resulting from a previous brain study in male-to-female transsexuals was whether the reported difference according to gender identity in the central part of the bed nucleus of the stria terminalis (BSTc) was based on a neuronal difference in the BSTc itself or just a reflection of a difference in vasoactive intestinal polypeptide innervation from the amygdala, which was used as a marker. Therefore, we determined in 42 subjects the number of somatostatin-expressing neurons in the BSTc in relation to sex, sexual orientation, gender identity, and past or present hormonal status. Regardless of sexual orientation, men had almost twice as many somatostatin neurons as women (P < 0.006). The number of neurons in the BSTc of male-to-female transsexuals was similar to that of the females (P = 0.83). In contrast, the neuron number of a female-to-male transsexual was found to be in the male range. Hormone treatment or sex hormone level variations in adulthood did not seem to have influenced BSTc neuron numbers. The present findings of somatostatin neuronal sex differences in the BSTc and its sex reversal in the transsexual brain clearly support the paradigm that in transsexuals sexual differentiation of the brain and genitals may go into opposite directions and point to a neurobiological basis of gender identity disorder."


Texto completo (full text):




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